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27/02/2018 por Rodrigo Romão Antonio

Porque as mulheres não querem transar,

mas querem ter desejo?

 

Apesar de estarmos em pleno século XXI, ainda escutamos o famoso ditado...

“Se não tiver em casa, procura fora! ”

Tal ditado que determina culturalmente a posição da mulher quanto ao sexo, a idéia de que ela ”tem que fazer”, trata-se de uma concepção que remonta há vários séculos.

Escuto que não há casamentos como antigamente, mas será que os casamentos de antigamente eram do tipo ideal?

Pois o casamento nem sempre foi associado a necessidade de monogamia, a tempos tratava-se de um contrato social, no qual o homem garantia seus direitos sucessórios e a mulher garantia proteção e um teto sobre sua cabeça.

Que elo combinado neh!

Com o passar do tempo, o crescimento do fortalecimento da igreja cristã, e especialmente do aumento das doenças venéreas (sífilis e gonorreia), foi reafirmada a importância da monogamia como proteção à saúde e integridade do seio familiar. Entretanto, ao mesmo tempo veio também a “responsabilidade feminina” de saciar todo o desejo do homem, que agora teria que ser satisfeito apenas em casa.

O homem sempre foi visto como o varão, aquele com energia sexual constante e pronto para transar a qualquer hora, deste modo, ele precisa saciar suas vontades (ou melhor, necessidades), pois há um grande aumento de seu estresse e suas dores, então é “obrigado” a procurar escape em outro lugar, caso não encontre com sua parceira. E entre os meios escolhidos, os mais comuns são: pornografia, profissionais do sexo e um relacionamento extra.

E aí que entra o grande dilema, pois independente do que acontece na vida do casal, a responsabilidade por manter a fidelidade do homem e consequentemente a manutenção da relação é sempre da mulher, mesmo que muitas vezes esse fato seja encoberto, é nítido perceber isso.

É preciso lembrar que a maioria dos clientes de sex shops são mulheres (ou homens gays), a pornografia tem seu maior publico consumidor o masculino, pois teoricamente “eles têm mais desejo”. Além do maior público a fazer cirurgias plásticas ser de mulheres, pois o mercado é feito para que as mulheres sempre sejam desejáveis para seus parceiros.

Outro ditado que é preciso ser lembrado é de que “o homem envelhece melhor, então a mulher sempre tem que correr atrás do prejuízo”. Li uma vez uma frase que dizia “homem envelhece como vinho e mulher como maionese”. Ou seja, mulher só se estraga, embaranga. Até mesmo quando a mulher mais velha é valorizada não se trata de sua imagem, mas sim de sua vasta experiência, como no ditado “panela velha é que faz comida boa”.

Analisando todo esse contexto, é possível compreender o imenso peso que as mulheres carregam nas relações, ao mesmo tempo em que estão correndo contra o tempo para se manter belas, também precisam se desdobrar para prover atração e novidade. Isso é muito difícil, muito pesado e algo horrível!

Nos dias modernos e com anos de desenvolvimento, infelizmente a mulher, independente do tipo de engajamento que tenha, tem que garantir que seu homem não fuja. Por incrível que pareça, ainda tratamos sexo como mantenedor ou garantia de relações e como questão de propriedade.

Se tudo isso não bastasse fazer, ainda há a cobrança de que as mulheres desejem sexo!

No consultório as mulheres com problemas sexuais, trazem a queixa de que não querem transar e querem ter desejo.

O grande vilão é a sobrecarga de responsabilidades, pois elas devem estar sempre lindas, cheirosas, depiladas e desejosas. Elas se sentem obrigadas a cumprir seus “deveres maritais”, e ao mesmo tempo cuidar da casa (tal responsabilidade que ainda é da mulher, o homem fica apenas com a tarefa de “ajudar”), na educação dos filhos (que também fica a sua responsabilidade) e colaboração financeira.

É preciso analisar cada caso com suas particularidades, mas sempre há uma lista de causas semelhantes. Infelizmente há um grande paradigma de que as mulheres são obrigadas a fornecer prazer, mas não necessariamente o recebem de volta. Pois elas se depilam, se produzem, mas seus companheiros não se depilam para receber sexo, não compram roupas especiais, não participam ativamente das atividades da casa de forma a dividir as tarefas e até mesmo quando o casal não transa, quem geralmente busca ajuda é a esposa ou companheira.

Apesar de que é preciso investigar por um profissional as questões orgânicas, as doenças (como ansiedade, depressão) e o uso de alguns medicamentos (que podem interferir na diminuição do libido) para a falta de desejo, elas não podem ser tomadas como único determinante.

É preciso tem a consciência de que o desejo sexual se construa ou desconstrua como algo individual, e que somos seres complexos e muitas são as variáveis que interferem, deste modo, é preciso investigar e analisar com qualidade, para que a culpa não seja direcionada toda para a mulher.

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