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Jovens sem infância, adultos sem juventude, idosos deprimidos!

01/03/2017 por Rodrigo Romão Antonio

Desde de crianças somos bombardeados de atividades, além do colégio, temos inglês, espanhol, natação, judô, futebol, balé, são muitas atividades e pouco tempo de brincar, nossos pais nos colocam em duas, três atividades por dia, e temos que dar conta, pois não trabalhamos então temos que nos virar, já que isso não é trabalho e sim diversão, ou deveria ser neh! Mas chega um momento em que nos perguntamos, isso é diversão? Isso é mesmo brincar? Mas nossos pais estão fazendo isso para nosso bem, pois não podemos perder tempo, estamos sendo estimulados, estamos tendo o que nossos pais não tiveram, o que nossos avós nem mesmo sonharam em ter, então o brincar precisa nos levar a algum lugar? O brincar não pode ser só brincar?

Crescemos com expectativas elevadíssima, além das nossas próprias expectativas, temos as expectativas dos nossos pais, avós, tios, etc...Crescemos achando que somos livres, que podemos ser o que quisermos, que podemos ir onde quisermos, crescemos nos achando melhores que nossos avós, os quais se casaram cedo, e nunca viajaram para fora do país, crescemos achando que somos melhores que nossos pais, os quais passaram a vida frustrados em empregos que não gostavam, que ganhavam uma merreca que mal dava para pagar o aluguel e nunca tiveram a chance de aprender outro idioma. Mas nós não, nós crescemos com todas as oportunidades, crescemos quase que bilíngues, aprendemos ainda criança diversos outros idiomas como espanhol, francês, alemão, etc... Frequentamos as melhores escolas, as melhores faculdades, participamos dos melhores estágios, especializações, mestrados, doutorados, MBA, etc...

E assim ganhamos os melhores salários, surpreendentemente já aos vinte anos ganhamos o que nossos pais só ganharam aos trinta, temos carreias meteóricas, contas bancárias exorbitantes e aos trinta ganhamos o que eles nunca nem mesmo sonharam em ganhar, parecemos invencíveis, não temos limites para sonhar, então nos perguntamos, onde está nossa meta? Até onde podemos chegar? Há um limite? Onde pretendemos chegar?

Então ficamos confusos, não conseguimos diferenciar meta, desejo e sonho de gana, ambição e ganância. Temos dinheiro para tudo, viagem, carro, podemos realizar nossos sonhos, mas o que sobra de dinheiro nos falta em tempo, nossas prioridades são outras, e nossos sonhos vão ficando para trás. Mas e a nossa felicidade? Há essa tal de felicidade compramos na farmácia né, nos estressamos o dia inteiro no escritório, e acreditamos que podemos compensar com meia horinha na academia ou uma corridinha de manhã, até que isso não é mais o suficiente então começamos com as medicações, um amigo está tomando omeprazol e está ajudando, então vamos tentar, até que não é o suficiente então partimos para o rivotril, o stent, e assim vamos levando, levantamos esgotados com a esperança de que aquele café vai nos acordar, aquele energético vai nos manter e que nossos comprimidos vão nos fazer dormir.

Passamos a vida ganhando dinheiro, mas a dificuldade vem de sempre, quando não encontramos tempo para estudar para as provas da faculdade, quando não temos tempo de viajar e conhecer lugares maravilhosos por causa da esperança de uma promoção no trabalho, quando não encontramos tempo para sair com os amigos ou namoradas porque precisamos ficar de madrugada no escritório, quando não encontramos tempo para ver o filho falar a primeira palavra, a começar a andar, aprender andar de bicicleta, a primeira apresentação de balé, o primeiro jogo de futebol, pois estávamos trabalhando ou dormindo.

Aos trinta e cinco anos não conseguimos ver o filho andar pela primeira vez, pois quando chegamos do trabalho o filho já tinha dormido e quando saímos de manhã o filho ainda não tinha acordado.

Temos tudo que precisamos, dinheiro, sucesso, status, ou na verdade achamos isso, mas quantas vezes nós choramos no carro, nos questionando, se temos tudo porque parece que nos falta tudo, por diversas vezes nos perguntamos se a vida dos nossos pais e/ou dos nossos avós tinham sido mesmo tão ruim como pensávamos, será que uma casinha pequena, ou um apartamento pequeno, com um carrinho seminovo para dividir pelo casal, férias uma vez por ano em lugares próximos, são satisfatório, será que isso pode fazer algum sentido na vida?

Mas percebemos que já não dá mais tempo, como poderemos nos afastarmos dos carros importados, do vinho francês, das roupas de marca, dos empregos mais cobiçados, dos olhares admirados dos amigos, dos status?

Verdadeiramente, nós nos achamos superiores, temos conhecimento, temos poder, temos dinheiro, temos status, mas não temos tempo, não temos coragem de procurar ajuda, não temos controle sobre nossos pensamentos, nossas emoções, então nos desesperamos, nos deprimimos, ficamos cada dia mais ansiosos, então, será que todo o dinheiro comprará o tempo que nos falta?

Então passamos a ter...mais ansiedade, vícios, e um vazio imenso.

Mas não é preciso chegar ao fundo do poço para procurar ajuda, é possível fazer uma prevenção de doenças emocionais, assim como você vai ao dentista por prevenção, assim como você vai ao médico por prevenção, assim como você leva até mesmo seu carro para uma revisão para a prevenção de problemas futuros, você pode e deve fazer prevenção para sua vida emocional, você pode sim aprender a lidar com sua frustração, a compreender sua ansiedade, seus medos, seus conflitos internos, precisamos entender que nem sempre temos respostas, mas o pior é que nem sempre temos as perguntas, pois são das perguntas que vem o desenvolvimento do pensamento, e o psicoterapeuta é o profissional preparado para te ajudar a pensar com qualidade nas perguntas que você em muitas vezes nem mesmo chegou a pensar em fazer, ele te auxiliará a pensar e organizar seus pensamentos.

Não é preciso chegar a fundo do poço, é possível pensar em como buscar outros caminhos.

Mas não é uma tarefa fácil entrar em contato com o que nos assusta, não é fácil entrar em contato com nossos pesadelos, e não é fácil entrar em contato com o que não conhecemos, é preciso ter coragem para buscar ajuda, é preciso ter coragem para enfrentar os nossos conflitos, é preciso coragem para lutar contra nossos preconceitos, incertezas e medos, é preciso coragem para querer sair da zona de conforto.

 

Não se preocupe com a “loucura” de procurar ajuda na psicoterapia...

Se preocupe com a “normalidade” de não buscar ajuda para sua saúde emocional

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