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30/08/17 por Rodrigo Romão Antonio

“PRECISAMOS FALAR SOBRE ANSIEDADE”

 

O que é Ansiedade?

A ansiedade é hoje um dos principais males de nosso século, uma das principais causas de afastamento do trabalho, e um dos principais medos.

Mas o problema não é a ansiedade, e sim a ansiedade patológica.

A ansiedade é a resposta do nosso inconsciente aos nossos conflitos internos e a situações comuns do nosso dia a dia e da nossa relação com o ambiente em que vivemos.

Sentir ansiedade é normal, corriqueiro e algo até mesmo prazeroso.

Aquela ansiedade quando vamos conhecer uma paquera...

Uma ansiedade quando vamos ganhar algo...

Ansiedade da espera do nascimento de um filho...

São vários momentos em que sentimos ansiedade, mas a ansiedade passa a ser um mal, quando ela começa a atrapalhar a nossa vida.

Quando a ansiedade nos impede de fazer algo que precisamos...

Quando a ansiedade nos impede de ir há algum lugar que precisamos ir...

A ansiedade que atrapalha nossa vida profissional e pessoal, essa ansiedade patológica é um transtorno mental sério que, se não tratado, pode desencadear graves crises de pânico

Mas agora vamos entender melhor o que é e quais são os sintomas da ansiedade, e como você pode controlar esse quadro.

 

Mas o que é essa tal de ansiedade?

A ansiedade é um estado psíquico natural que tem o intuito de um perigo e assim nos auxiliar quanto a preparação para o enfrentamento.

Porém, como a vida moderna está cada vez mais corrida, o acumulo de informações exacerbada, as crescentes pressões profissionais, pessoais e financeiras, e cada vez menos conseguimos tirar um tempo para relaxar nossa mente e aproveitar momentos de descanso e bem-estar, o que acaba tumultuando nossa mente com pensamentos e preocupações, gerando quadros intensos de ansiedade.

Penso que nossa mente é como um riacho alimentado por uma fonte natural, e com uma barreira para controlar a entrada de água, imagina que é preciso fazer manutenções nessa barreira para que ela não se danifique. Agora imagina um tempo sem manutenção adequada, as condições dessa barreira ficam cada vez mais precária e certo dia há uma tempestade e essa barreira arrebenta e acaba o controle de entrada de água e esse riacho recebe mais água do que suporta.

Nossa mente não é diferente, ela precisa de manutenção, ela precisa ser capaz de conter os pensamentos e preocupações para que os mesmos não acabem ultrapassando os limites suportáveis pela mente, pois chega uma hora que sem a manutenção adequada essa mente não aguenta, e ela não consegue lidar com os pensamentos, preocupações e medos, e vem o medo do medo, o que acaba tornando se patológico.

Podemos entender que a manifestação da ansiedade patológica é uma resposta do nosso inconsciente a situações que consideramos de perigo ou traumáticas. Ela está relacionada a uma necessidade nossa de resolver problemas que nós nem mesmo conhecemos ou compreendemos, como se o inconsciente estivesse nos poupando e nos preparando para essas situações de risco. A grande maioria dos nossos traumas e conflitos internos reside no nosso inconsciente e somos incapazes de percebê-los sozinho.

O psicólogo irá ajudar o paciente na compreensão das manifestações de ansiedade do paciente, ajudando-o a analisar a razão seu inconsciente está se manifestando de tal maneira.

Vamos imaginar um colaborador de uma determinada empresa que tem marcada uma reunião muito importante com os acionistas no dia seguinte, é claro que ele vai estar bastante ansioso com o encontro. Mas vamos imaginar que esse colaborador já vem apresentando um histórico de ansiedade generalizada e que só de pensar na reunião no dia seguinte ele já começa a se sentir aflito e angustiado. Ao mesmo tempo em que sente um medo justificável de que pode encontrar resistência por parte do seu público durante a reunião, o que é natural, ele passa também a pensar em quadros bastante negativos, imaginando, por exemplo, que seria demitido no dia seguinte por algo que fez de errado, que sua família perderia tudo, que perderia a casa onde mora por causa das contas que ele não poderia mais pagar, e que seu filho precisaria deixar a universidade particular em que estuda, colocando em risco sua carreira futura. Conforme vai construindo esses quadros mentais, ele sente o seu coração batendo de forma excessivamente acelerada, começa a suar frio e se sentir fraco, enquanto aumenta sua frequência respiratória. Sem conseguir respirar normalmente e relaxar, o colaborador pode estar no início de uma crise de ansiedade. A qual se não tratá-la, essa primeira crise pode se desenvolver em um preocupante transtorno de ansiedade, que pode chegar a gerar uma síndrome do pânico.

Será que estou ansioso?

É de suma importância identificar os sintomas da ansiedade, e buscar rapidamente um tratamento, e assim não corra o risco de que essa ansiedade se desenvolva:

Segue abaixo alguns dos sintomas da ansiedade:

Dificuldade de relaxar devido a preocupações ou medos exagerados;

Pensamentos negativos repetitivos;

Preocupação crônica com saúde, finanças ou vida profissional;

Dificuldades para dormir;

Medo exagerado de situações específicas;

Incapacidade de controlar os pensamentos ruins e as preocupações;

Sensações frequentes de aflição e angústia.

 

Por que me sinto assim, porque cheguei a esse ponto?

Algumas pessoas chegam ao consultório se queixando que estão com muita ansiedade e que não sabem o que fazer com isso. Já outras, simplesmente chegam dizendo que não sabem o que têm, relatam alguns sintomas, e que durante o processo psicoterapêutico descobrimos que é essa tal de ansiedade.

O medo é uma resposta do organismo que é automática, e instintiva contra um perigo iminente. Por exemplo, se alguém é assaltado com uma arma na cabeça, é natural que exista o medo de morrer naquele momento. A ansiedade, por sua vez, é entendida como um estado mais difuso e mais permanente na qual haveria uma possível ameaça (real ou imaginada) mas que não se concretiza como a pessoa que não sai de casa (agorafobia) pela possibilidade de ser assaltada.

É preciso compreender que estar ansioso ou ser ansioso é algo muito sugestivo, e precisa ser bem analisado, pois existem inúmeras razões para que uma pessoa possa se enquadrar na ansiedade, pode ser um momento e/ou uma fase que o paciente está vivenciando, quanto pode ser uma característica de sua personalidade. Mas se isso está incomodando, atrapalhando e interferindo em sua vida, em ambos os casos é possível trabalhar isso na psicoterapia.

A ansiedade passa a ser patológico quando o indivíduo percebe que não está mais conseguindo se concentrar em suas tarefas rotineiras, ou que passou a ter comportamentos totalmente prejudiciais, tais como insônia, arrancar fios de cabelos ou roer unhas.

Alguns optam por calmantes, medicamentos naturais, entre outros. Em alguns casos estes procedimentos podem sim ajudar, mas possivelmente não corrijam a raiz do problema.

Na psicoterapia, o paciente vai entrar em contato com a raiz do problema, o psicoterapeuta irá auxiliar o paciente na descoberta dos princípios causadores da ansiedade, dos gatilhos e situações da sua ansiedade, além de técnicas para lidar identificar e lidar com a ansiedade.

Ansiedade está ligado a nossa preocupação por situações que poderão ou não vir a acontecer, como por exemplo, uma viagem que você irá fazer, uma prova, uma apresentação, etc... e fica imaginando como irá acontecer, o que pode dar certo ou errado, como deverá se comportar. Muitas situações geram ansiedade. Mas é importante descobrir a forma de lidar com ela, pois, como sugerido no exemplo acima, ela pode interferir em nossa vida como insônia, medo de sair, entre outras situações que podem nos prejudicar no ato de nossas funções.

 

Quais os tipos de ansiedade?

Apesar das definições quanto a diferença entre o medo e a ansiedade, é preciso entender as diferenças entre grupos de pessoas que tem tipos de ansiedade diferentes. Pois uma pessoa que tem medo de ser contaminado por germes e lava a mão a cada cinco minutos possui um tipo de ansiedade muito diferente da pessoa que tem um transtorno do pânico (e sente que está tendo um infarte), assim como esta ansiedade é diferente da pessoa que tem fobia social e sente pavor ao falar ou estar em público.

Transtorno do pânico: No transtorno de pânico, o o indivíduo sente fortes sensações de que está para morrer, como se estivesse tendo um ataque do coração ou então, sente que está perdendo o controle, que está enlouquecendo ou perdendo a consciência. Após ter uma crise de pânico, um ciclo pode ser criado, com o medo de ter um novo ataque de pânico, uma ansiedade de ter uma nova crise de ansiedade.

Transtorno de ansiedade generalizada: No Transtorno de ansiedade generalizada a chamada TAG não está tão ligado a sensações corporais específicas como no tipo anterior. No TAG, o estresse ou preocupações excessivas podem ser levantados como causas de pensamentos e sentimentos que eliciam a ansiedade. No fundo, o medo na ansiedade generalizada é de um final catastrófico para as preocupações ou situações que são sentidas como ameaças.

Fobia social: A fobia social (ou também chamada de ansiedade social) é um dos tipos de ansiedade mais comuns e a acontecem sempre em situações públicas, tendo por base a avaliação que os outros podem ter de um dado desempenho. Pode ser uma apresentação oral como em uma reunião, palestra ou também uma simples conversa informal. A pessoa com fobia social sente uma grande ansiedade em situações sociais, como se estivesse para ser avaliada negativamente, humilhada ou constrangida.

Transtorno obsessivo-compulsivo: O Transtorno obsessivo-compulsivo ou TOC, por sua vez, é considerado um outro tipo de ansiedade por trazer para a pessoa que sofre deste mal o medo de perder o controle ou ser responsável por algo terrível para si ou para os outros (culpa). O que elicia a ansiedade no TOC não é uma situação específica, mas pensamentos e sentimentos que são oriundos do interior, ou seja, pensamentos e sentimentos que parecem vir de fora, são intrusivos, obsediantes como se houvesse um obsessor externo interferindo, e que com isso, a pessoa sente que não aguentará e sente-se constantemente ansiosa.

Transtorno de estresse pós-traumático: O Transtorno de estresse pós-traumático ou TEPT é causado por um trauma, por um evento terrível que realmente aconteceu na história do indivíduo. A ansiedade, então, advém de medo de pensamentos, lembranças ou sintomas relacionados com a experiência traumática.

Como o Psicólogo pode ajudar?

É de suma importância ressaltar que o trabalho na psicoterapia depende da dupla psicoterapeuta/paciente. E o paciente precisa estar aberto a entrar em contato com novas questões que possam surgir, e assim, ajudar o psicoterapeuta a interpretar as diferentes formas que o paciente possa ter de comportar-se diante de situações.

Como o inconsciente é a parte da nossa mente que armazena situações da nossa vida que não nos lembramos ou que foram traumáticas por algum tempo, é natural que alguns de nossos comportamentos reprimidos em qualquer fase da vida (em especial na infância ou na adolescência), voltem a se revelar como sintomas de ansiedade durante a vida adulta.

Assim, o psicoterapeuta terá o objetivo de analisar o que ocasiona os episódios de ansiedade do paciente, especialmente quando a ansiedade passa a ser algo corriqueiro.

Sentir ansiedade vez ou outra é normal do ser humano e todos nós sentimos aquela sensação da espera. Mas o problema está quando isso se torna parte do dia-a-dia e o paciente percebe que está o tempo todo ansioso, que está o tempo todo esperando por algo, sendo que sequer existe algo previsto para acontecer.

Na terapia, trabalhamos os pontos que podem estar causando mais tensão na vida do paciente, analisar situações traumáticas, ajudar o paciente a ressignificar tais situações, auxiliar o paciente nas formas de lidar com a ansiedade, identificar sensações que antecipam a ansiedade e como proceder quando sentir que a ansiedade está incomodando, ou mesmo prever quais situações poderão deixá-lo ansioso, onde ele já poderá ter ferramentas para enfrentar a ansiedade.

As pessoas menos ansiosas conseguem se planejar melhor, raciocinar melhor, fazer escolhas melhores e lidar melhor com situações de um futuro próximo ou distante, tomando atitudes menos drásticas e com menor risco de consequências graves.

Em pessoas muito ansiosas o medo é uma situação corriqueira no inconsciente, e deste modo, seu não tratamento pode permitir que o quadro avance e se torne cada vez mais grave e de difícil controle.

A psicoterapia auxilia na prevenção do desenvolvimento desse distúrbio em quem é muito ansioso, assim como também é essencial para ajudar no tratamento de pessoas que já apresentam os sintomas de pânico.

Não esqueça que estar ou ser ansioso não é predominantemente um problema, mas é algo que pode, sim, tornar-se um problema. É importante compreender que o tratamento é sim possível, e deste modo, evitando possíveis transtornos na vida do paciente.

Porém, mais importante que o tratamento, é a prevenção.

Não tenha vergonha ou medo de estar ou ser ansioso, esse não é o problema.

Mas se preocupe sim, em não continuar ansioso, em não deixar que a ansiedade se torne um problema, sabendo que tem como mudar.

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