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Por diversas vezes lutamos com a dor de uma frustração ou de uma decepção, e devido a essa dor nós acabamos correndo de situações que podem vir a nos frustrar ou decepcionar, e assim entendemos que esses são sentimentos ruins por causarem dores e sofrimentos, mas a verdade é que são sentimentos extremamente necessários para nosso desenvolvimento.

Deste de criança em muitos casos os país com a desculpa do amor, buscam livrar os filhos desse sentimento, o que pode ser uma boa intenção, mas isso não ajudará seus filhos, muito pelo contrário, essa atitude irá privar os filhos de se desenvolverem, crianças que são privadas desse sentimento crescem com a ilusão de que o mundo é exatamente como elas querem, e quando se encontram em situações de frustração ou decepção acabam por potencializar a dor e o sofrimento como se aquela situação fosse o fim, pois na infância quando nos frustramos ou nos decepcionamos, temos o vínculo com nossos pais para nos acolher e nos ajudar a passarmos por aquela situação de maneira mais saudável, mas após a infância aprender a passar por essa situação fica cada vez mais difícil, especialmente sem o acolhimentos de nosso pais e por estarmos mais relutantes a buscarmos ajuda.

Normalmente nossa primeira reação à frente de uma decepção é culpar o outro por não ter feito o que achávamos que seria feito, e deste modo, não percebemos que nós é quem depositamos todas as nossas expectativas nos outros, acreditando fielmente de que os outros deveriam sim suprir essas nossas expectativas. É preciso aprender a domar nossas expectativas, quanto mais as deixarmos crescer, mais estaremos alimentando a ilusão de que a culpa é dos outros e não nossa, e assim prolongamos e aumentamos nosso sofrimento com a ilusão de que estamos sendo enganados, mas somente com a capacidade de pensar qualitativamente, somos capazes de enxergar que o engano vem de nossas atitudes e não dos outros.

Vamos imaginar que somos convidados para uma festa, ouvimos de algumas pessoas que essa festa será ótima, então vamos com a expectativas de que a festa realmente será ótima, se a festa no final não for lá essas coisas, talvez você fique decepcionado. Mas quanto mais expectativa você colocar na festa, maior será a sua decepção. E a sua primeira reação será com o princípio do “fui enganado”, mas se formos capazes de pensar qualitativamente, perceberemos que a culpa não está diretamente ligada no outro, no que o outro disse, mas sim no que acreditamos, na realidade em que criamos de forma conveniente para nós.

Como por exemplo nos relacionamentos amorosos, quando nos apaixonamos e vemos tudo de forma colorida, sem questionar e sem ver as coisas como são, acabamos projetando no outro aquilo que queremos e de certa forma confundimos a ilusão da paixão com a realidade. Mas quando a paixão passa e percebemos realmente quem o outro é de verdade, nos decepcionamos e nos sentimos enganados, o que é até algo compreensível, porém a verdade é que não fomos enganados e sim nós nos enganamos, é preciso assumir nossa parcela de culpa em nossas decepções, é claro de encontramos pessoas dissimuladas, que fingem ser algo que não são, e buscam enganar as pessoas de propósito, mas é preciso nos conscientizarmos de que essas pessoas só irão nos enganar se nós permitirmos. Não podemos responsabilizar outras pessoas por nossas falsas expectativas. Geralmente preferimos sempre o caminho mais fácil e agradável e potencializamos algumas atitudes, é bem mais confortável crer que as coisas são como nós gostaríamos que fossem, e deste modo, aquele “bom” amigo ou aquela “boa” amiga, que de repente nos mostra um lado que não nos agrada, e acaba nos machucando, nos faz sofrer, acaba nos decepcionando, e muito por estarmos iludidos com expectativas que nós criamos, acabando assim com relacionamentos.

Quando nos frustramos como por exemplo ao não passarmos em um determinado concurso depois de nos dedicarmos por horas e horas de estudos, a dor e o sofrimento da frustração em muitos casos nos faz desistirmos, nós tendemos a potencializar o lado negativo da situação, achamos que somos incapazes e por muitas vezes acabamos não tentando mais por medo da frustração.

Em alguns casos é difícil enxergarmos algo de positivo diante da frustração ou decepção, mas essas situações são oportunidade para desenvolvermos nossa capacidade de pensarmos qualitativamente, nessas situações nos colocam frente a frente com pensamentos que invadem nossa mente, a dor, a tristeza, o medo que chegam com mais força, pode acabar nos cegando para os caminhos que se abrem diante da decepção e frustração. A inteligência emocional é a chave para desenvolvermos a capacidade de lidar com a frustração ou decepção, e assim desfrutar de caminhos que nos levam a uma vida mais saudável emocionalmente. 

Sempre que nos deparamos diante de uma decepção, é preciso nos permitir sentir dor e tristeza, aceitarmos a frustração, e pensarmos com qualidade todos os pensamentos que invadem nossa mente, e por mais desagradável que possa vir a ser essa situação, irá nos proporcionar crescimento, nos libertando das amarras, dos medos e da fuga que nos impede de entrar em contato com a realidade da situação, e nos livra da prisão da ilusão.

 

O conhecimento vem através do enfrentamento do “não saber”, de modo que o saber resulte da difícil tarefa do desenvolvimento e do aprendizado com as experiências da vida, as boas e principalmente as más.

                                                                         (W. Bion)

FRUSTRAÇÃO E DECEPÇÃO, PORQUE NÃO?

20/02/2017 por Rodrigo Romão Antonio

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